Fidel acusa EUA de ocuparem o Haiti e pede que ONU tome atitude

 

Da Band.com/Ansa

O ex-presidente cubano Fidel Castro acusou os Estados Unidos de "ocuparem o Haiti" com suas tropas e pediu que a ONU tome uma atitude, assumindo "o papel que lhe corresponde".

Em um novo artigo publicado pela imprensa cubana, Fidel adverte que este tema deve ser discutido "seriamente" e enfatiza que a ONU deve assumir "o papel de reitor que lhe corresponde neste delicado assunto".

"No meio da tragédia haitiana, sem que ninguém saiba como nem porquê, milhares de soldados das unidades dos fuzileiros dos Estados Unidos, tropas aerotransportadas da 82ª Divisão e outras forças militares ocuparam o território do Haiti", diz o líder cubano.

"Vários governos se queixam que seus veículos aéreos não puderam aterrissar e transportar recursos humanos e técnicos enviados" após o terremoto que devastou esse país caribenho, continua Fidel.

"Pior ainda, nem a Organização das Nações Unidas, nem o governo dos Estados Unidos ofereceram uma explicação à opinião pública mundial sobre estes movimentos de forças", acrescenta.

Sobre a participação de Cuba, Fidel explica que seu país "cumpre uma tarefa estritamente humanitária" e que, "na medida de suas possibilidades, irá contribuir com os recursos humanos e materiais que estiverem ao seu alcance".

"Qualquer cooperação importante que seja oferecida ao nosso país não será recusada, mas sua aceitação estará subordinada inteiramente à importância e transcendência da ajuda que se requer de nossos recursos humanos", complementa.

Nesse sentido, Fidel recorda o fato de Cuba ter permitido que aviões norte-americanos sobrevoassem o seu território para permitir que as ajudas humanitárias chegassem "mais rapidamente aos cidadãos norte-americanos e haitianos afetados pelo terremoto".

No último dia 15, o governo norte-americano anunciou que a ilha havia liberado seu espaço aéreo para que equipes de resgate transferissem feridos do tremor para a sua base de Guantánamo.

Há alguns dias, ao falar sobre o terremoto, o ex-presidente de Cuba atribuiu a tragédia e suas consequências às precárias condições impostas pelos sucessivos golpes de Estado militares e os altíssimos níveis da pobreza.

"O Haiti é um produto bruto do colonialismo e do imperialismo, de mais de um século de emprego de seus recursos humanos nos trabalhos mais duros, das intervenções militares e da extração de suas riquezas", disse na ocasião. "Situações como a deste país não deveriam existir em nenhum lugar da Terra", completou Fidel.

A contagem oficial de mortos em decorrência do abalo sísmico do último dia 12 ultrapassa os 112 mil. O governo haitiano negou, neste domingo, que tenha encerrado as operações de buscas por sobreviventes, como havia anunciado a ONU no sábado.