segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

"Foi pesadíssimo", diz Hebe Camargo sobre pré-operatório

A apresentadora conversou abertamente com Renata Ceribelli sobre a luta contra o câncer e disse que ficou emocionada com o carinho que recebeu de fãs e amigos.

 Do G1

Hebe Camargo nos recebeu em sua casa, em São Paulo, onde está desde quarta-feira (20), quando teve alta do hospital.

Hebe Camargo: O pré-operatório é uma coisa pesadíssima. Muito medicamento, cada medicamento que eu nem te falo. Eu só ia em hospital para fazer plástica! Ou no peito ou na cara.

Brincalhona como de costume, Hebe não perde a piada, mesmo sabendo que a doença é coisa séria.

Renata Ceribelli: Hebe, quando você soube que ia passar por uma cirurgia, você se assustou?

Hebe: Você sabe, que coisa engraçada, eu não me assustei, porque eu sabia que eu estava em boas mãos, porque ninguém ia mentir. Eu falei: ‘Eu não quero que minta para mim. Eu não quero que chegue e diga: ‘não, você não tem nada, isso aqui é uma coisinha passageira.’ Não! Fala a verdade’.

A verdade, como o Brasil já sabe, é que Hebe está com câncer.

“A Hebe tem um tipo de tumor relativamente raro, que é um tumor primário do peritônio”, explica o oncologista Sérgio Simon.

O peritônio é a membrana que reveste o abdômen e todos os órgãos que ficam nessa parte do corpo. É uma mucosa transparente, parecida com aquela da parte interna da boca.

“Ele é um tumor que, evidentemente, já aparece disseminado no abdômen. Ele não é um tumor localizado e isso já o torna um pouco mais grave, mas ele é um tumor muito sensível ao tratamento. Mais ou menos 60% dos pacientes terminam o tratamento sem evidência de doença”, explica o médico.

O tratamento é a quimioterapia. Para Hebe, serão entre seis e oito sessões, com intervalos de três semanas. A primeira já aconteceu. “Ela não teve náusea e se alimentou durante a quimioterapia e depois. Passou muito bem, tanto que pôde ter alta logo em seguida”, conta o oncologista.

Estar em casa tem feito bem para a recuperação da Hebe.

Hebe: Eu sento para almoçar sozinha e fico olhando as flores, as palmeiras, os pássaros voando...

Renata: Você conversa todos os dias com os pássaros?

Hebe: Converso, adoro.

Renata: Quantas horas do seu dia você passa com seus pássaros, Hebe?

Hebe: Quando eu estou em casa, venho sempre. De manhã, venho sempre.

Na sala, flores e imagens religiosas que os fãs não param de mandar. Há até a Nossa Senhora de Fátima Peregrina, uma imagem que viaja o mundo e agora está na casa de Hebe.

Hebe: Ela vai ficar uns dias, depois vai embora. E ela vai passando sempre pelos lugares das pessoas que precisam. Tem a Nossa Senhora da Aparecida, duas delas são as que viajam comigo.

Renata: Em nenhum momento você pensou que pudesse dar errado, em nenhum momento você pensou em morte?

Hebe: Não. Eu falava: ‘Deus, dá uma ajudinha.Dá uma ajudinha, pensa em mim’. Eu falava: ‘Pensa em mim, chore por mim! Liga pra mim!’ (risos). Foi a primeira vez que eu pedi. Mas nem precisava pedir, porque o Brasil pediu. Eu não tinha noção do que o Brasil gostava de mim.

Renata: Hebe, quantos anos de televisão?

Hebe: Quantos anos tem a televisão? (risos)

Hebe não está de brincadeira – em um vídeo, ela aparece, morena, ao lado de Ivon Curi, no primeiro musical exibido pela TV, em 1950. Hebe, com 80 anos, está há 60 na televisão.

Renata: Você tem essa imagem de uma mulher poderosa e ao mesmo tempo tem uma imagem de uma mulher muito simples, que fala com todo tipo de pessoa.

Hebe: Porque eu sou, eu sou caipirinha de Taubaté.

Renata: Como é que você consegue isso?

Hebe: Não existe motivo nenhum para você mudar a sua personalidade, porque você tem uma situação melhor ou não. Eu fico com pena de quem muda, eu fico com pena de quem se sente estrela.

Renata: Que momento foi mais difícil, Hebe?

Hebe: Não sei (emocionada)... Eu acho que o mais difícil foi sair (do hospital) e ver aquela coisa tão linda. Foi difícil no sentido de emoção, foi uma coisa! Eu dizia: ‘Eu vou chorar!’ Todo mundo sorrindo, feliz de eu estar saindo do hospital. A Globo estava na porta do hospital! Eu falei: ‘Gente, a Globo está aqui?!’ (gargalhadas) Aí eu me senti.(gargalhadas). Isso não tem preço. Estou me sentindo! Já te falei que o elenco da Globo me ligou? Sabe lá o que é receber telefonema do Tony Ramos? E de Lima Duarte, Ney Matogrosso, Rosa Maria Murtinho, Mauro Mendonça... (risos)

Renata: Qual foi a primeira pessoa que te ligou?

Hebe: Ih, agora você me cria uma saia justa, porque tanta gente ligou, meu Deus, tanta gente.

Renata: Roberto Carlos te ligou...

Hebe: Ih, quase voltei pra UTI! (gargalhadas) Ele disse: ‘Oi, Hebe, você precisa ficar bem, nós precisamos de você’ Uma graça! Ele é uma paixão nacional, né?

Renata: E ele preocupado com você...

Hebe: Preocupadíssimo, ligou várias vezes, uma graça. Até vou mandar um presente, uma vela que tem a fotinho dele.

Renata: Hebe, me contaram que a sua vaidade continuou em todos os momentos do hospital, toda hora você estava pedindo um batom pra passar...

Hebe: Eu já levei um batonzinho, porque eu não fico sem batom, adoro batom. Como eu não podia receber visita, tinha dia que eu não fazia cabelo. Mas a minha cabeleireira ia lá no outro dia, fazia meu cabelinho. Botei batonzinho, botei um cílio postiço para eu me sentir bem e olhar no espelho e dizer: ‘Não estou tão ruim assim’. Porque senão a gente começa a se sentir com cem anos. Quero chegar com cem, mas bonitinha (gargalhadas).

Apesar de muito vaidosa, Hebe diz não estar com medo dos efeitos colaterais da quimioterapia.

Renata: Você vai ter todas aquelas consequências de perder cabelo, por exemplo, aquelas coisas chatas?

Hebe: Ah, isso com certeza. Com certeza vai ter, mas eu não estou nem pensando. Na hora em que começar a cair, aí é uma outra preocupação. Agora, não. Agora eu tenho que me preocupar em fazer tudo, as injeçõezinhas na barriga, tirar sanguinho aqui do dedo.

“Ela pode talvez ser submetida a uma cirurgia, porque o acompanhamento desse tumor é difícil através de imagem somente. É um tumor que, por ser muito pequeno, os nódulos, às vezes, não aparecem nos exames. Então, por vezes, a gente tem que fazer uma pequena cirurgia para observar o estado final do abdômen depois do tratamento”, explica o oncologista.

Hebe: Eu quero mostrar para as pessoas que eu estou aqui, que eu venci a batalha. Você também pode se você estiver na mesma situação. Não desista! Se você tiver um problema desse tipo, ou outro, um pouco maior ou menor, não se entregue, essa é a melhor receita, pode ter certeza.

Renata: Hebe Camargo sempre dando alegria. Sucesso no seu tratamento, eu e o Brasil inteiro estamos torcendo por você.

Hebe: Se Deus quiser! Muito obrigada, Deus lhe pague.

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