domingo, 29 de novembro de 2009

TÉDIO NUMA TARDE DE DOMINGO

Estarrecido com a programação musical de uma famosa emissora de rádio de nossa cidade - Garanhuns - lembrei de um artigo que lí dia desses na grande rede e sintetiza não só o meu sentimento de crítico convícto da "pouca vergonha - ou falta dela - dos que fazem grande parte dos meios de comunicação na atualidade. Ao invés de tecer um comentário de um simples ouvinte, preferí postar o artigo abaixo, de alguém mais capacitado do que eu. Leiam pos favor, este "artigo" intitulado"LIXO CULTURAL"

 A indústria cultural brasileira, na sua missão histórica de alienar as massas para que não questionem o sistema e as elites, empurra goela adentro do povo uma série de programas e estilos musicais de péssimo nível moral, ético e intelectual, deturpando valores e passando a idéia de que a dominação das elites é uma coisa absolutamente natural e que, ao povo, resta a selva da competitividade a qualquer preço e aceitação dos padrões estéticos e morais dominantes.

Certa vez, em uma palestra, choquei os presentes ao dizer que o professor não era mais educador. Afirmei, na ocasião, que os educadores do povo brasileiro eram a Xuxa, o Faustão, o Ratinho, o Gugu e o João Kleber, que ministravam, na época, os programas mais assistidos da televisão.

Hoje, reafirmo o que disse anos atrás, mudando apenas os personagens: quem educa nosso povo são os Big Brothers, os Pânicos, as Malhações, os funks e os pagodes de corno da vida, e não os professores. Como pode um professor, que em geral tem apenas cerca de 50 minutos por semana com uma turma lotada, querer competir na capacidade de educar com essa gente que deturpa os valores de nosso jovens durante horas a fio, naturalizando a falta de ética, o adultério, o desrespeito pelo próximo, a busca do sucesso a qualquer preço e outros valores vis ? Impossível. Professor, hoje, nada mais é do que um agente do poder, mas com muito pouco poder.

Grande parte do povão assiste e aceita o que lhe é imposto com a ânsia dos pulhas. Em vez de estarem lendo um bom livro, assistindo a um bom programa de entrevistas com gente notável, a peças teatrais ou ouvindo uma boa música, as pessoas preferem perder o precioso tempo de suas vidas vendo e ouvindo essas baboseiras. Pobre país que tem uma demanda cultural dessa ordem.

A educação brasileira está um caos e o lixo cultural exibido na televisão e tocado nas rádios tem grande parte de culpa nisso, juntamente com a maioria esmagadora dos políticos, que nada investem na educação e a quem interessa que o povo continue chafurdando na lama da ignorância.

O povão tem grande culpa na situação presente por nem ao menos se questionar sobre as opções de entretenimento cultural que estão disponíveis. Na verdade, grande parte do povão brasileiro gosta é disso mesmo: baixarias sexuais, brigas e escândalos. É isso que dá audiência ? Então é isso que os meios de comunicação empurram goela adentro do povo. E dentro das salas de aula os professores sofrem com o baixo nível intelectual e moral da maioria dos alunos e com a dificuldade em fazer com que se interessem por leituras e pela ciência.

Rumamos para um fosso cultural no qual uma minoria culta e letrada se afasta cada vez mais da massa alienada e ignorante, o que vai tornando até mesmo um mínimo espaço de convivência entre ambos uma coisa impossível.

O "artigo" é de autoria do Prof. Dr. José Francisco de Moura - Historiador, sociólogo, doutor em História pela UFRJ, autor de dois livros publicados (“Imagens de Esparta” - 2001 e “História e Violência” - 2008) e um no prelo (“DNA do Inconformismo”- 2009), e de dezenas de artigos e papers na área de ciências humanas. Produtor cultural, organizador de congressos e palestras na área de História e de festivais de rock de cunho beneficente, colunista do jornal Folha dos Lagos

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