Deputado do dinheiro na meia diz que fica no cargo por ter 'dever a cumprir'

 

Leonardo Prudente assumiu presidência da Câmara do DF nesta segunda.
Para ele, vice Cabo Patrício (PT) é principal interessado na saída dele.

O presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal, Leonardo Prudente (sem partido, ex DEM), disse nesta segunda-feira (11) que vai permanecer no cargo porque “é um direito constitucional” dele. Prudente voltou à presidência no final de dezembro de 2009. Ele havia se afastado após a divulgação das imagens em que ele é flagrado colocando dinheiro nas meias.

“Os trabalhos vão continuar e vou permanecer no cargo porque é um direito constitucional e tenho um dever a cumprir”, afirmou.

Perguntado sobre o requerimento assinado por 11 deputados pedindo a saída do vice-presidente, Cabo Patrício (PT), Prudente disse que é do interesse do petista assumir a presidência. “A saída do Cabo foi uma questão discutida na reunião, porque ele é o principal interessado no meu afastamento”, afirmou.

Patrício afirmou que está interessado na saída de Prudente para “poder fazer o que fez quando ficou no cargo” –o que, segundo ele, foi dar prosseguimento aos processos de impeachment contra o governador José Roberto Arruda (DEM).

Questionado pelos jornalistas se era justo os dois saírem dos cargos, Prudente disse que “os deputados vão decidir o que é melhor.”

Um dos envolvidos no escândalo do mensalão do DEM de Brasília, Prudente será responsável por comandar a análise de três pedidos de impeachment contra o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM).

Volta ao trabalho

A Câmara Legislativa voltou ao trabalho oficialmente nesta segunda e definiu os integrantes das comissões que irão investigar o suposto esquema de propina. Além de Arruda, o vice-governador, Paulo Octávio (DEM), deputados distritais da base governista, empresários e integrantes do governo são suspeitos de receber recursos do esquema revelado pela Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal.

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Nesta segunda, os parlamentares escolheram os membros das duas comissões que vão julgar os processos. Foram escolhidos também os integrantes da CPI da Corrupção, que vão investigar os deputados citados no inquérito que tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Todas as comissões são dominadas por aliados do governador e a definição saiu após uma reunião a portas fechadas.

Comissões

Para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), primeiro local onde os processos de impeachment serão analisados, foram escolhidos os deputados Batista das Cooperativas (PRP); Eurides Brito (PMDB); Geraldo Naves (DEM); Chico Leite (PT); e Dr. Charles (PTB). Naves foi escolhido como presidente e Charles, vice. A deputada Eurides Brito aparece em um dos vídeos colocando dinheiro em uma bolsa.

Naves disse que deve escolher ainda nesta segunda o relator dos três processos de impeachment que correm contra Arruda na Câmara. O novo presidente da CCJ se disse “amigo” do governador, mas negou que isso vá influenciar o trabalho na comissão. “Amizade não interfere no trabalho do deputado”, afirmou.

Para a Comissão Especial, que vai receber o impeachment após a CCJ, foram escolhidos os deputados Cristiano Araújo (PTB); Alírio Neto (PPS); Chico Leite, Batista das Cooperativas e Geraldo Naves. Alírio foi secretário do governo Arruda.

Os membros da CPI da Corrupção são Paulo Tadeu (PT); Raimundo Ribeiro (PSDB); Eliana Pedrosa (DEM); Alírio Neto e Batista das Cooperativas. Ribeiro, que é o corregedor temporário da Casa, e Eliana Pedrosa também participaram do governo Arruda. A deputada, inclusive, voltou à Câmara logo após o começo da crise, em dezembro. O comando dessa comissão deve ser escolhido nesta tarde.

Nas três comissões formadas nesta segunda-feira, somente os deputados do PT não votam com o governo.

Manifestantes

Desde a manhã, cerca de 500 manifestantes se concentram do lado de fora da Câmara. Eles são acompanhados por policiais. O presidente da Câmara Legislativa decidiu que a população não terá acesso à Casa.

Do Diario de Pernambuco