quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Acidente misterioso

Capotamento // Jovem morreu na hora. Corolla pertencia a médico. No mesmo local faleceu Chico Science em 97

Um mistério envolve um grave acidente de trânsito ocorrido na madrugada de ontem no Complexo de Salgadinho, em Olinda. O capotamento aconteceu por volta das 4h30, em frente à Escola de Aprendizes Marinheiro e resultou na morte da ambientalista Ludmila Mirelle Inácio da Silva, 27 anos, que estava no Corolla, placa KLP-1572, do ortopedista traumatológico Homero Rodrigues da Silva Neto, 39. Ela teve a cabeça decepada, enquanto o médico sofreu uma lesão na cervical e está internado na UTI do Hospital Esperança, mas não corre risco de morte. A polícia ainda não sabe quem dirigia o veículo. O ortopedista declarou que o carro era guiado por Ludmila. No Corolla, peritos do Instituto de Criminalística (IC) encontraram uma garrafa de uísque quase vazia, uma pequena quantidade de um pó branco, além de duas caixas de Viagra, recolhidos para exames. O sepultamento da jovem acontece hoje, às 12h, no Cemitério de Santo Amaro.


Carro capota e uma pessoa morre no Complexo de Salgadinho, em Olinda
Imagens: TV Clube/PE

De acordo com a polícia, o carro teria perdido o controle logo após descer o viaduto que liga Recife e Olinda. Depois de capotar várias vezes, o Corolla percorreu cerca 30 metros, parando dentro do Espaço Ciência, no Parque Memorial Arcoverde. Com o impacto, o corpo da ambientalista foi jogado a seis metros do veículo. Há suspeitas de que ela estivesse sem o cinto de segurança. O delegado de plantão de Olinda, Clerinaldo Lima, informou que os peritos do IC estimaram que o carro vinha a uma velocidade de 120 quilômentros por hora. "Ainda não sabemos se quem conduzia o carro estava embriagado ou se o pó era droga", esclareceu.

O delegado Erivaldo Guerra, titular da Delegacia do Varadouro, que assumiu o caso, informou que vai aguardar os resultados das perícias. "Pretendo ouvir o médico assim que ele receber alta ", disse. Homero Neto deve deixar hoje a UTI do Esperança, mas sua saída do hospital ainda não está definida. O advogado do ortopedista, Luiz Cláudio Farina, afirmou que o pó encontrado no carro trata-se de gesso, uma vez que o médico é chefe de ortopedia de uma unidade traumatológica particular noRecife. E garantiu que o carro era conduzido pela mulher. "Qualquer insinuação sobre essa fatalidade pode ser precipitada e inverídica", ressaltou o advogado em nota. O IC divulgará a perícia em dez dias.

Comprovação - Familiares da ambientalista não acreditam nessa versão. Segundo o irmão da jovem, Thompson Smith, 25, o médico não era conhecido por nenhum dos amigos de Ludmila. "Ela saiu no Celta dela no início da noite de segunda-feira. Só localizamos o carro hoje à tarde (ontem) estacionado na Cidade Alta. Fomos até o hospital para falar com a família do médico, que nos deu essa informação. Exigimos uma comprovação de que Ludmila estava dirigindo. Queremos saber se a culpa foi dela ou do médico", disse. Thompson contou que a irmã saiu da casa, onde morava com os pais, em Pau Amarelo, dizendo que iria a um barzinho com as amigas.

O que os familiares da jovem sabem, até o momento, é que ela pagou uma conta com cartão de crédito às 22h57 no Bar Marola, na orla de Olinda. "Depois disso, não temos noção de seu paradeiro. Mas é estranho o fato de o médico ter entregue seu carro para uma pessoa que tinha acabado de conhecer", ressaltou Thompson.

Segundo o advogado criminalista José Augusto Branco, caso um motorista entregue seu veículo a uma pessoa alcoolizada, ele pode ser indiciado por homicídio doloso por ter assumido o risco de um acidente. A pena varia de seis a doze anos de reclusão. A Justiça também pode considerar o crime como culposo (sem intenção). Nesse caso, a pena máxima é de até dois anos de reclusão.

Ludmila Mirelle formou-se em Ciência Ambiental na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) em 2006. Atualmente, estava prestes a concluir o mestrado em Tecnologia de Recursos Hídricos no Departamento de Engenharia Civil da mesma universidade. A jovem tinha um namorado carioca que mora no Recife, mas que havia viajado recentemente para o Rio de Janeiro para acompanhar o pai adoentado. Segundo familiares, ela era muito alegre, gostava de sair à noite e tinha bastante amigos.

Do Diário de Pernambuco

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