terça-feira, 20 de outubro de 2009

Meu Espaço - Crônicas, poemas, Contos, Poesias, etc...

Resmungar do vento no silenciar
Resmungado Resmungar Resmungando - Camilo
Não digo que sou escritor. Não ouso rotular-me poeta. Embora tenha a ousadia de desenhar palavras e pintar meu mundo com o dizer. Se quer adquirí a sabedoria precisa para ser cabuloso. O que é bom é crespo. Ao registrar meu palavriado não faço por dor de cotovelo, faço pela a ardência da consciência. Minha mente está cheia de turbulências constantemente, então, o motivo de praticar este ato não é desocupação nem falta de respeito por todos que vivenciam a sacralidade da literatura.
Na minha genealogia descobri a tradição de resmungar. Resmungar: falar baixo e com mau humor; não foi isto que herdei, aprendi um resmungado diferente. È um exercer as funções de um poeta-cristão; explorar as dimenções do batismo: ser profeta, sacerdote e rei. Ter o resmungado que anuncia e denuncia os contra-tempos da vida. Incluir o resmungar de quem celebra a vida, promove a construção do espaço onde habita. Compreender que é preciso administrar a lida resmungando algumas ordens aos súditos do “prazer”, do“ter”, do“querer’, da desordem.
O leitor tendo contato com os meus, perceberá a mania da reivindicação, do mastigado de palavras, sentimentos, pensamentos. Da avó ao netinho. Essa doença em mim veio com um grau maior. Se eu resmungar, tenho que resgistrar. È vital para acalmar a crise que pratique-se a “leitura de mundo e a leitura da palavra”.
Sinto-me um forasteiro resmungando os hábitos desse mundo. Resmungando pela escrita, arma poderosa; a palavra. Digo que, no afoitamento de escrever busco exercer a função da diacónia. Solenizar; reverênciar, incesar, proclamar e acima da coesão liturgica o execício da coerência praticada.
Tentei não fazer essa comparação, tentei usar a literatura pra uma coisa e buscar Deus pra outra, mas o compromisso de ambos é o encontrar-se do homem, a descoberta, a eternidade de seus anseios.
Resmungo as minhas, as nossas inquietações, e na cadeira varando a madrugada o delírio ocorre junto ao cansaço as nádegas doem e a cadeira parece estar na minha cabeça, porque os homens querem sossegar os pesamentos. Para assentar os ouvidos que leêm e os olhos que escutam.

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