Pulseiras usadas para jogos sexuais

Alerta // Pedagogos, psicólogos e pais estão preocupados com a "brincadeira" importada que vem se espalhando pelo Brasil


O que pulseiras coloridas de plástico usadas por adolescentes têm a ver com sexo? A princípio nada, mas há quem pense que sim. A "mania" começou na Inglaterra, em 2003, e este ano retomou fôlego na região, chegou aos Estados Unidos e começa a ganhar força em Brasília e São Paulo. As garotas usam o acessório para participar de um jogo erótico com meninos conhecido como Snap. Cada cor de pulseira significa um grau de intimidade, que vai do simples abraço até o sexo. Não se tem notícia de que a "brincadeira" tenha chegado a Pernambuco, mas pedagogos e pais estão em alerta. O jogo também tem preocupado por colocar a mulher no mesmo nível de um objeto.

Cada cor representa uma indicação que vai de beijo de língua ao sexo. Foto: Gil Vicente/DP/D.A Press

No jogo, se o menino quebrar a pulseira da menina com a mão, ele passa a ter direito ao que está subtendido pela cor do acessório. A cor amarela, por exemplo, significa um abraço; a laranja, uma dentadinha de amor; a roxa, um beijo de língua... Até que tudo pode chegar às vias de fato, ou seja, na cor preta, que significa permissão para o sexo. Na Inglaterra, as pulseiras são chamadas de shag bands. Inclusive uma escola britânica proibiu o uso na unidade de ensino. Mas há casos também de garotas que usam o acessório sem saber que ele está relacionado a tal "brincadeira".

Vice-presidente da Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana, a psicóloga Amparo Caridade disse desconhecer o jogo. Para ela, é importante que os pais conversem com os filhos para saber se eles estão prontos para reconhecer esses códigos, mas alerta para a educação sexual que precisa começar cedo. "Os pais devem se preocupar principalmente com a construção do sujeito sexual dos filhos e não com ações de caráter emergencial. É importante chegar perto", destaca.

Para Amparo Caridade, os códigos de desejo sempre existiram e nesse caso foram readaptados para os dias atuais. "Antes 'ficar' era um horror, mas hoje é encarado de forma simples. A sexualidade passou do período de grande repressão para a permissão e depois para uma estimulação maior, onde a exigência pelo desempenho é grande", destacou. Quem não lembra, por exemplo, da brincadeira da pera, uva e maçã, onde cada fruta significava um tipo de beijo?

Desconhecimento - Os comerciantes que negociam no centro do Recife garantem desconhecer a tal pulseira do sexo, como estão sendo chamadas. Em uma loja de bijouterias na Rua São José do Ribamar, no centro, as ditas pulseiras de plástico estão aos montes expostas nas prateleiras. Vanuele Alves, gerente, disse que já comercializa o acessório colorido há cerca de quatro anos e nunca ouviu falar na conotação sexual. "Os adolescentes perguntam se a gente tem pulseira de silicone. Em geral, os roqueiros gostam mais das pretas, enquanto as meninas levam de várias cores. Elas saem muito", explicou.

Mais adiante, na Rua de Santa Rita, o dono de um estabelecimento de bijouterias justifica a grande procura pela pulseira. "Os personagens do programa Malhação usavam e aí começou a virar moda". Hoje, no entanto, na moda mesmo estão as pulseiras de plástico coloridas conhecidas como fio de telefone ou de mola. "Essas estãodisparadas na venda", comentou, adiantando que também nunca ouviu falar que o acessório tem a ver com um jogo sexual. Um pacote das pulseiras, com cerca de 10 delas, custa em média R$ 1,00, uma das explicações para tamanha procura.

Em São Paulo, o acessório também é vendido aos montes na famosa Rua 25 de Março e tem deixado muitos pais apreensivos. Na capital pernambucana, no entanto, adolescentes ou familiares disseram não conhecer a informação. "Nunca ouvi falar nisso", disse uma menina de 14 anos, estudante de uma escola particular de Olina, na Região Metropolitana do Recife

Fonte diariodepernambuco.com.br