segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Tumulto durante concurso do TRE

Trezentas pessoas em uma mesma sala, separadas por menos de 20 centímetros uma da outra, registrando todo o tumulto por celulares e máquinas fotográficas. A cena aconteceu no auditório do Colégio Boa Viagem (CBV), durante o concurso para o Tribunal Regional Eleitoral em Pernambuco (TRE/PE) realizado, ontem, no Recife, Caruaru e Petrolina. Com a confusão, o grupo deixou o prédio sem iniciar a avaliação. A seleção reuniu 85.721 inscritos para oito cargos, mas deverá ser anulada para os 1.987 candidatos a uma das quatro vagas de analista de sistemas. A decisão final será tomada hoje, em uma reunião com a comissão organizadora, pelo desembargador-presidente do TRE, Roberto Ferreira Lins.


Após a liberação das salas, grupo que iria disputar vaga de analista de sistemas do TRE saiu do prédio com a prova e cartão de respostas do concurso Foto: Júlio Jacobina/DP/D. A Press
Assim como as 300 pessoas que estavam fazendo prova no auditório do CBV, Cleiton Gonçalves, 29 anos, estava inscrito para o cargo de analista de sistemas e ficou impressionado com a quantidade de candidatos na sala. "O tumulto começou na fila para pegar a prova e assinar a ata. Depois começaram a chamar um por um", disse, contando que alguns já estavam com a prova enquanto outros não tinham recebido. O gaúcho Cassiano Maciel destacou que não era preciso olhar para o lado para ver a prova do vizinho. "As provas eram diferentes, mas a gente podia conversar, ver as questões. As cadeiras estavam muito próximas das outras, até no corredor", reclamou.

De acordo com membros da comissão de organização do TRE, a empresa organizadora do concurso, a Fundação Conesul de Desenvolvimento, reuniu 2.317 candidatos em 40 salas no Colégio Boa Viagem. "A média é de 40 por sala, mas como o auditório era maior colocaram 300 pessoas. Deu confusão", disse o vice-presidente da comissão, Alberto Manoel Pires. Alguns candidatos, que tinham entrado com celulares e máquinas, começaram a ligar para parentes e acionar a imprensa. "A gente começou a registrar a confusão como garantia. Quem vai arcar com o prejuízo? Vamos entrar com recurso se o caso não se resolver", garantiu um candidato do Paraná, que fotografou o tumulto e preferiu não se identificar. Os fiscais chamaram a polícia para ajudar a manter o controle. Antes das 10h, quem estava no auditório foi liberado.


Candidatos fotografaram o pequeno espaço entre os concorrentes no CBV Foto: Anônimo/Divulgação
Os candidatos das salas vizinhas chegaram a ouvir o barulho, mas continuaram fazendo a prova. "Fiz a prova toda e só soube da confusão quando saí. Acho que não quiseram causar mais confusão", disse Carla Nascimento, que concorre ao cargo de analista de sistemas. No turno da manhã, as provas eram destinadas aos cargos de analista judiciário área administrativa e especialidades (análise de sistemas, arquitetura, assistência social, medicina, judiciária). À tarde, a seleção foi para técnico judiciário (administrativa e taquigrafia). No CBV, houve outro princípio de tumulto porque, novamente, o auditório estava lotado. Mas, segundo Pires, a comissão pediu que a turma fosse dividida e dobrou o número de fiscais, de cinco para dez, mantendo a ordem.

A Unicap era o maior ponto de realização, reunindo 9.433 inscritos, mas não registrou incidentes. Os outros locais de prova também não. De acordo com a comissão,a média de abstenção foi de 35% para os cargos de analistas e 37% para técnicos. Os salários são, respectivamente, de R$ 6.611,39 e de R$ 4.052,96. A maior concorrência foi registrada para técnico (taquigrafia), com 12.325 candidatos por vaga, seguido por analista judiciário, com 3,166. Para analista de sistemas, a disputa é de 496,75 por vaga.

Do Diário de Pernambuco

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