terça-feira, 1 de março de 2011

Poucas palavras

Coisa de maluco?
Imaginei-me agora, à beira de um riacho, deleitando-me com lumiar dos pirilampos e ouvindo o coaxá dos sapos e rãs.

Saudade daquele tempo em que na roça eu vivia, na madruga acordava prá cuidar da vacaria.

Selava o cavalo baio, fosse inverno ou verão prás campinas galopava, fosse em qualquer estação.

Voltava soltando aboios lás prás bandas do sertão, depois de ordenhar as vacas, abrigava a bezerrama.

Abastecia a cocheira, de palma camim e rama, carpinar o campo eu ia como peão tinha fama.

Lá pelas dez da maatina, pra casa grande eu volta, era'hora do desjejum, assim Joana falava.

Era uma nêga faceira, q'ue até arrepio dava.

Cuscus, xerém e coalhada, leite, queijo era'abundante, depois prós compos voltava, prás campinas verdejantes.

Pense numa vidaboa, apesar des er sofrida, em todo canto q'andava, era nobre a acolhida.

As filhasdos fazendeiros, sempre me davam guarida.

Lá pa dispois de meio dia, Joana chegava na roça.

vinha trazer nosso rango, feijão de corda e farofa.

Cum carne sêca de bode, ou c'argum cuei ou preiá.

Quí a gente cumia tanto quin'panbava a pamça nossa.

Quando num tinha mixtura, ninhum pião simportava.

Cumia fazendo bolo; carmão até mersu suja.

Tendo pimenta de chero, ninguém se incomodava.

Cumia fazendo prosa.

Un'a cabaça ou muringa, cheia d'agua ela trazia.

Pa tudin matar a sêde, e mermo sendo salôba; a gente num pricibia.

Êita vidinha arretada, sufrida mai vantajosa. poi ante de anoitecer, pá casa tudin vortava.

Butava inchada nas costa, e uvindo o bacurau, qui'ainda cantarolava.

Dormia até ao relento, quando o calor sufocava, cobertor não precisava, pois a noite com seu manto, nos enviava as estrelas, e a Lua completava, e prá'nimar a peaozada, a cotovia cantava.

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